"Espaço para a Manifestação Artístico-Cultural e Convivência dos Interessados em Compartilhar Experiências, Opiniões e Trabalhos Afins"

sábado, dezembro 25, 2010

O Que Você Diria a uma Fada?



À Simone Mascarenhas, a fada melíflua.

Definitivamente, nessa noite de insone vigília, sondando os recônditos aflitos de minha alma inquieta, foi afetada sobremaneira a minha maneira de perceber a realidade imediata que me cerca, pois o dia por aqui amanheceu estranho!
A vermelhidão-dourada da luminosidade do novo dia veio num lusco-fusco de um gris indefinido, sem realmente acordar as flores matinais do descuidado jardim; em frente ao casarão no qual me escondo, sempre que preciso meditar.  
Da sacada do velho sobrado, é possível distinguir em panorâmica visão o leve bailar dos pêndulos vegetais, grávidos de novas flores, promissores de ininterrupto parto primaveril!
Abelhas e formigas, incansáveis e madrugadoras, já se movem no frenético labor de suas vidas efêmeras; e as borboletas, com suas cores esfuziantes e a simetria de seus desenhos psicodélicos, fascinando-me num êxtase de beleza e graça; como se fadas sensuais bailassem provocantes no espaço imenso de minha incurável solidão...! Hoje elas realmente se superaram e consigo com uma estranha e improvável clareza distinguir nas silhuetas esguias que esvoaçam por sobre as flores mal despertas as formas diáfanas e sinuosas das fadas sensuais das minhas fábulas de infância!
Então, desci intrigado como a subjetividade a um só tempo surreal e palpável daquela tangível alucinação matinal!
De fato, nada mais eram que lindas e comuns borboletas; porém minha inadequada percepção continuou a insistir em se comunicar com a minha fantasia no plano imediato da realidade paralela.
E com a nitidez de uma fonte cristalina sob o sol do meio dia, pude distinguir algumas das fadas cujos rostos eu já havia conhecido há muito, em fábulas tantas.
A fada violeta, com seu rosto sério e seus lábios negros, as asas também negras com seus laivos de um vermelho purpúreo; a fada da lua com a brancura quase ofuscante de sua pele de um branco-azulado iridescente e suas asas translúcidas e vítreas; a fada das flores, em variadas cores berrantes e seus cabelos ruivos cor de fogo, exuberante, em suas formas voluptuosas desprovidas de qualquer vestimenta.
Tantas e tantas todas elas, numa explosiva invasão de beleza e indizível êxtase de solitária e maravilhosa auto-satisfação compensatória desta acompanhada solidão!
Porém, em meio a toda essa ludicidade bucólica de sonho infantil, algo destoava da magia daquele momento único; pois, mais para adiante, num isolado canto do jardim, pude vislumbrar a frágil e mais bela das silhuetas fantásticas: A fada melíflua, a fada das idéias sem fim, a minha fada predileta!
Ela continuava como sempre linda e fascinante, com suas formas perfeitas e desejáveis, no seminu de seu sumário vestido de gaze e suas asas abrangentes de cores leves e quase translúcidas.
Porém, no seu olhar havia algo de diferente e incomodo; uma expressão que eu não consegui identificar, mas que a mim me pareceu que era algo muito forte, pois a fada se mostrava tímida e retraída, numa fragilidade que me inspirava desejos de abraçá-la e protegê-la num carinho sem fim; que lhe resguardasse das dores e das tristezas, próprias do mundo humano.
Os nossos olhares se cruzaram por um breve momento e nós estendemos nossas mãos para tocar-nos; mesmo sabendo que se isso acontecesse, o encanto se quebraria e eu nunca mais veria as fadas no poder mágico de um sonho desperto; mas por um instante, hesitamos, e eu, numa débil tentativa de consolo, lhe disse apenas uns versos desconexos:

A FADA MELÍFLUA

Quando a aura matinal 
Em luz sã, beija o orvalho; 
Branco alvorecer de maio; 
Desperta a fada eternal! 

E com doçura melíflua, 
Pelo poder da brandura, 
Emana de si, candura, 
Com sua aura eflúvia! 

De seu dom em mel imerso, 
Pela magia do verso, 
Escreve rimas pra mim! 

Repletas de amor fraterno, 
Qual banho em carinho terno, 
Nos dons da fada sem fim! 

Receba a sinceridade do meu mais terno carinho!
A espada e escudo do Cavaleiro Virtual estarão sempre à sua disposição!

E VOCÊ, O QUE DIRIA A UMA FADA?

Template - Dicas para Blogs