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quarta-feira, junho 17, 2009

PAI, O QUE É UM OTÁRIO? (CRÔNICA)

Pelos atos secretos do governo brasileiro! É uma prática cultural da família brasileira, - pelo menos para a imensa maioria – jantar com o prato na mão, em frente à tv. É ou não é? Pois bem, numa dessas ocasiões, estávamos eu e Sir Janus Maxwell, - meu filho Reynolds, de nove anos – no cumprimento desta prática tão pouco recomendada pelas regras de etiqueta, quando a seguinte cena fez-se observar na novela das sete: Depois de diversas e frustradas tentativas, certa jovem noviça consegue falar com seu pai – sendo ela filha bastarda – cujo rim inutilizado, teria sido substituído pelo dela, pois foi a única doadora compatível. Iniciou-se ali uma discussão que tinha mais ou menos o seguinte teor: -“Porque o senhor está fugindo de mim? -“Porque pra mim tua presença não é mais interessante. -Então porque toda aquela encenação de pai arrependido, dizendo que ia me perfilar e tudo o mais? -“Porque estava me divertindo a manobra de te emocionar pra você ser generosa comigo! Agora que eu já tenho o que queria de você, não tenho mais porque ficar fingido que você é importante pra mim! -"Eu vou aos jornais e à televisão! Todo mundo vai saber que tipo de pai é você! Que é capaz de roubar um rim da própria filha! (Começa a chorar). -“Você pode fazer o que quiser; ninguém vai te ajudar; vão dizer “coitadinha” na tua frente, mas, por trás vão rir às tuas custas; brasileiro odeia otário! Nesse momento deu-se o fato fatídico! Sir Janus Maxwell olhou-me com aquele seu peculiar olhar sincero e disparou: -"Pai, o que é mesmo um otário? Parei imediatamente de mastigar, remoendo as palavras com o cérebro, pra ver se encontrava uma explicação que fosse convincente e não soasse pejorativa ou preconceituosa. Nada me veio com a rapidez que pedia a situação; e eu fui meio que arranhando um discurso moralista do tipo, Papai-sabe-tudo: -"Bem, filho... (Ga,ga,guejando) Digamos que é uma pessoa que, tem bom coração, que é assim.. (A coisa não saía) Digamos, bondosa! Isso! Uma pessoa bondosa e também inocente que, ás vezes é, ludibriada por alguma pessoa má! Ufa! Saiu! Sir Janus Maxwell retruca: -"Mas, pai, se uma pessoa é do bem, porque que alguém ia fazer mal pra ela? -"Ah! Filho, isso é um assunto ainda muito complicado pra sua cabecinha; e encerrei a sabatina, (satisfeito com minha argúcia capenga). Ele – que não é nada bobo - me fez aquela cara de “venceu-mas-não-convenceu”. Pois bem, Cumprimos os últimos rituais daquele dia e fomos descansar; eu, porém, não conseguia conciliar o sono; tentando achar a exata equação que determinasse o que é um otário e que estranhos fatores são os que definem tal perfil e porque. Comecei fazendo uma hipérbole analítica de infindáveis conjecturas sobre os códigos morais – implícitos ou não – que regulam as relações sociais humanas: Propriedade, Respeito, Dignidade, Consideração, Liberdade; são direitos humanos sagrados que, segundo o senso comum, são inerentes a todos os seres humanos e devem ser respeitados incondicionalmente; todos concordam. Exceto, é claro, a escória, em todo os níveis sociais humanos: Do trambiqueiro de esquina, ao político corrupto; do macumbeiro de ponta de vila, aos grandes empresários da fé alheia; sem mencionarmos os escravos da estupidez endêmica chamada, preconceito. Essas bestas-feras da humanidade agem tal qual o eremita de um grande romancista brasileiro, que determinava o seguinte: -"Ói, aqui no mato só tem eu e a onça, o resto, é cumida pá nóis! Eles agem como se coletividade fosse a sua despensa, onde eles só precisam lançar mão e tomar o que bem entenderem! Mas, isso ainda não determina que toda a massa que não faça parte dessa corja seja o perfil exato do otário. Mas, de repente, me veio um estalo! Lembrei-me de uma ocasião em que um amigo me contava uma certa safadeza que alguém havia cometido contra um nosso colega de trabalho; Fiquei indignado; e, ia já iniciar – mais uma vez – um discurso moralista quando, ele interrompeu-me com o seguinte argumento: -“Meu, o cara bobeou e perdeu!” O safo taí mermo só de butuca, se tu facilita, dança! Meu, quem faz o malandro, é o otário! O malaco tá certo! Pintô chance, fez a dele, né?! Fiquei calado, sem ter contra-argumento pra tamanha anomalia do conceito de convivência. Me veio à lembrança uma antiga noticia da tv: Uma moça foi presa num aeroporto de Miami; era uma ladra que só roubava brasileiros. Argüida pela repórter do porque só os brasileiros, ela deu a seguinte explicação definitiva: -“Meu, os brasilêro é muito otáro, eles pede pá sê robado! Só então consegui montar mentalmente, uma conjuntura analítica da questão. Quem faz o malandro é o otário! Então é isso?! São as pessoas de bem – os que tentam viver de maneira limpa – que determinam o exato momento do surgimento dessa posta podre de carne humana que, contamina, infecciona, tudo o que vê e toca?! Então está explicado! Otário é, todo e qualquer individuo que – desventurado – não compartilhe ou pratique o deturpado conceito de vida deste grande virtuoso da humanidade: O malandro! Nós, os que enfrentamos diariamente, toda sorte de agruras, humilhações e decepções para conviver de maneira pacífica e honesta, em meio a uma sociedade completamente contaminada pela perversão de todos os valores; na esperança muitas vezes frustrada, de poder desfrutar de nossos frutos com legítimo direito e consciência tranqüila, somos – por conta de cumprirmos os requisitos de convivência mencionados no começo – os criadores dessa aberração devoradora que nos tira a cada dia, toda a noção de paz, de segurança e até nossas perspectivas de futuro. Porém, tais atitudes – é claro - são absolutamente inocentes e justificáveis! Não é pela total ausência de qualquer conceito moral, ou pela total incapacidade de produzir com seu trabalho aquilo de que tenha necessidade, ou ainda pelo prazer imundo que sentem pela violência de todo tipo, apoderando-se sempre do mais fraco, para devorá-lo, como fazem as hienas carniceiras, não; muito menos ainda, pela diabólica sensação de poder que experimentam quando assaltam, fuzilam, esquartejam, estupram e queimam suas vítimas indefesas e aterrorizadas; não, não! A culpa é nossa! O trabalhador honesto é culpado por ser roubado; o aposentado é culpado por ser esfaqueado na fila do banco, o morador pobre da vila é culpado por ter que pagar segurança para o traficante; a moça bonita é culpada por ser estuprada; e etc; etc; etc...! E o malandro? Coitado...! Ele apenas cumpre o seu “penoso” papel de roubar, matar, estuprar, enganar e cometer todo tipo de violência contra essa criatura absurda que tem a ousadia de querer viver de maneira digna e pacífica entre todos: O OTÁRIO! Depois de tais constatações, morro de vergonha de abordar tal assunto com Sir Janus Maxwell! Max Costa Assis 31/12/06 Imagens: Senado ttp://jovempan.uol.com.br/galeria/media/plenario+do+senado+federal+em+brasilia+durante+sessao+nao+deliberativa+nesta+sexta+feira-23512,,0 Ratos http://images.google.com.br/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgcZ5zMBiYIjUiqiFDCQUPcHPSREAXKEwCBOSYs71OpeS_FdCor1KKc6Kn8sSPjehHPHdmejExQUGgp2M0LnerfoAEkQvH5_20GLe8S5CNf6M0BSRX_crbHUN6qOuXrD-53MxuzzKQLNM8/s320/ratos.jpg&imgrefurl=http://ogindungo.blogspot.com/2008_02_10_archive.html&usg=__g0A-RZwHpGmW3YV_yshK3bcQtWg=&h=187&w=250&sz=13&hl=pt-BR&start=11&tbnid=Mus-WKbg18F8kM:&tbnh=83&tbnw=111&prev=/images%3Fq%3Dratos%2Bdiplomatas%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR%26safe%3Doff%26sa%3DG

3 comentários:

Unknown disse...

Nós somos o exemplo mais claro do que é ser realmente um otário. E infelizmente isso não vai mudar pelas próximas gerações, pelo andar da carruagem.

Abraços

CavaleiroVirtual disse...

Salve, dileto Confrade!
Caríssimo Ropiva, eu - infelizmente - sou obrigado a ratificar e corroborar suas afirmações!
Muito obrigado por nos oferecer sua valorosa opinião!
Um abraço.
Deste Confrade: Max Costa

Unknown disse...

Saudações Fraternas!
Amigo MAX COSTA,
Que mensagem profunda!
Uma mensagem amparada por reflexões incontestáveis, visto que os atos "secretos de governos" institucionalizaram VIGARISTINHAS como referências de "valores" e grandes "feitos" que intenta contra a honra de cidadãos de bem. Sabe amigo MAX COSTA, Picaretas de qualimarcas, sentem-se violentados quando um vigaristinha pratica pequenos golpes em indefesos cidadãos em detrimento de maiores...As origens da profissionalização da vigarice muitas vezes é patrocinada pelo comerciante da esquina que ensina o próprio filho a adulterar o peso da balança, primeiro feitinho, alcança a "casa da mentira -delegacia-governo-", mais próxima que recebe propinas, na emissão de um simples doc.
Assim, vai se proliferando o mal na sociedade, com a "altivez" e honra em baixa os dirigentes tornam-se vulneráveis a "moral" foi corrompida...O povo perde o referencial de valores, e passa a achar o máximo a desenvoltura do nobre canalha em alto nível, no caso o vigário, e ao mesmo tempo sentencia o "larápio". Nesse mundo de vigários, canalhas e ladrões existe toda uma hierarquia, com tentáculos atuando na sociedade... A inversão de valores pode até ser implacável, mas, ao que sei, ao longo das eras permanece só sobrevive à verdade... Em meio século de vida, ainda não conheci um MALANDRO, que teve o final de sua vida bem e em Paz, ou se tornaram moças em prisões, ou terminaram como trapos humanos nas sarjetas, isso, os VIGARITINHAS, os de alta periculosidade geralmente terminam seus dias em confortável suíte até o tutano tomado pelo câncer ou AIDS...
Quem se junto aos bons e honrado tornar-se-á o melhor dos bons... Quem se junta a VIGARISTINHAS E LADRÕES pode até conquistar um espaço na ormeta tornando-se forte companheiro de Tomasso, nas masmorras gélidas do inferno!
Parabéns pelo seu belíssimo texto!
LISON.

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